Na hora que eles nascem é uma alegria muito grande, mas eu confesso que quando o tempo vai ando, que a gente se dá conta da responsabilidade que assumiu e que aquela responsabilidade não tem volta, eu entrei em pânico. Olhei e falei: “Meu Deus isso aqui não é um boneco, não tem como devolver, é um ser humano e eu vou ter que cuidar”. Entrei em um desespero grande, acredito até hoje, esse deve ser o motivo de muitas mulheres terem depressão pós-parto, se você não tiver muito cuidado você pode entrar nisso. Quando Ernesto chegava para o almoço, todos os filhos já estavam tomados banho e arrumados como se fossem sair pra uma festa. Eu sempre gostei de fazer isso, receber os pais bem, como se fossem sair pra uma festa ou aniversário, algo assim.
Depois de dois anos e meio da minha primeira filha eu engravidei de novo. Eu estava em Campina Grande, ainda não era crente e tinha vindo para o São João. Comecei a sentir umas coisas estranhas, fiz o exame e estava grávida de novo. Não podia mais esperar muito pra ter filhos por conta da idade, já estava chegando nos 30 e sabia que não podia esperar muito tempo. Nós já fomos planejando, nessa época, tínhamos comprado uma casa e já estávamos fazendo quarto. Mas, quando estava com cinco meses descobri que eram gêmeos. Fui ao médico e ele escutou dois corações, um de um lado e outro do outro. Ele ia lá fechava as cortinas e dizia que não, que era problema na rua e não falou que eram gêmeos, mas daí eu disse para fazer um ultrassom, fizemos e descobri que eram gêmeos.
O susto foi grande, eu ei uma semana pra me acostumar. Era engraçado porque eu saia na rua e Ernesto falava para todas as pessoas, parecia que era um brinquedo dele, algo que era realmente muito especial, mas pra mim foi um choque. Você estar esperando um e chegam dois. Eu fiquei uma semana assim, quando as pessoas diziam na maior alegria que eram gêmeos pra mim eu não recebia nessa alegria toda, justamente por isso, mais uma vez me dar conta da responsabilidade que estava assumindo. E é uma coisa que não tem volta.
Eu precisei muito da minha mãe nessa época, porque, você conciliar dois não é fácil, você a literalmente a noite toda acordada. Você amamentou um, está trocando e arrumou tudo aí pensa “Vou dar um cochilo”, aí o outro acorda. E você tem que ir lá e arrumar o outro, os meus dormiam em média 2h quietos, não ava disso, hoje eu vejo crianças que ficam mais, mas na minha época não tinha isso não.
Após um mês, eu cheguei na pediatra em prantos, ela pensava que tinha acontecido alguma coisa com as crianças e perguntou o que tinha acontecido e eu disse: “Doutora, eu não aguento mais não, não estou dormindo”. Reuel era muito comilão, é normal do homem eles geralmente comem mais, aí ela disse: “Então, vamos começar a dar mamadeira pra eles”, pra eu poder começar a dormir. Comecei a dar mamadeira e eles não quiseram mais a amamentação, e tudo começou a ficar bem mais fácil.
Casar a Evelyn foi mais difícil, porque ela era muito novinha, só tinha 19 anos. A gente sempre acha que o filho não está pronto para casar ainda, a gente achava que ela não daria conta. Ela casou aos 19 anos e nunca deu problema nenhum quanto a não dar conta da casa dela, de ficar vindo atrás da gente, não, ela foi uma dona de casa perfeita.
aram-se cinco anos e ela engravidou, e pensávamos a mesma coisa, que ela era muito nova, só tinha 24 anos. Ela foi uma mãe perfeita. Quando Evelyn casou ela queria algo diferente, e decidiu que iria entrar de moto. Ernesto trouxe ela até a entrada de moto, mas com um detalhe: ele esqueceu de tirar a trava do combustível, estava tão nervoso que esqueceu, sorte que era uma ladeira e a moto desceu tranquilo.
Eu sempre achei que Renaly nunca estaria preparada para casar, sempre achei ela muito “meninona”. Sempre falei que se ela quisesse casar com 19 anos eu jamais permitiria, porque para mim ela era muito criança, ela não era segura como Evelyn era com a mesma idade. Mas, ela decidiu casar aos 23 anos, pra mim foi outra surpresa porque ela realmente tem dado conta da vida de casada. Ela tem cuidado bem do marido e da casa dela, às vezes, eu chego na casa dela e fico surpresa com o quanto ela tem sido dedicada.
Reuel se casou com 28 anos, ele eu já achei que estava preparado e até um pouco velhinho já (risos). Eu acho que já estava na hora mesmo. Nós fizemos o casamento dele, com muita alegria, e foi muito bom. Vai fazer um ano que ele casou e ainda sinto falta dele. É difícil agora com todos eles casados. Tem dias que fico esperando, achando que ele vai vir e ele não vem pra casa, ainda tenho essa sensação. Não sei se é porque ele ficou muitos anos com a gente, só ele, eu ainda sinto até hoje.
Eu trabalhei a vida toda. Com seis meses que Renaly e Reuel tinham nascido, voltei a trabalhar e trabalho até hoje. Eu nunca tive dificuldade em conciliar, com a educação das crianças e tudo mais. Só que eu tinha a minha mãe e ela ficava sempre cuidando deles, junto com uma menina que ajudava. Nunca tive remorso porque deixava meus filhos em casa para trabalhar e que não tinha tempo com eles, pelo contrário, quando a gente tinha tempo aproveitávamos os nossos momentos com eles, de sair, de levar no cinema, no parque e ear quando eles quisessem ear.
Hoje em dia, pouquíssimas pessoas conseguem condição financeira para dar tudo que os filhos precisam com apenas o pai trabalhando, então nós não nos condenamos. Se você quiser dar uma boa condição para eles você tem que trabalhar também.
Quando os três começaram a crescer, nós já estávamos bem empenhados na igreja, já trabalhando muito. Igreja nova requer mais trabalho e eu levava os três comigo. Lembro que Reuel desde cedo já começou a se empenhar e dedicar muito com tudo na igreja, tudo ele estava dentro. Quando foi criado o Plug, o departamento de jovens, Reuel era uma criança, mas ele trabalhava tanto que chegava no final do evento ele estava doente. Teve uma vez, que a gente até precisou levar ele no hospital, porque ele estava ando mal mesmo. Aquela tensão de querer ver o Plug acontecendo da melhor forma possível, ele se doava muito e acabava se estressando em determinadas situações.
As pessoas criticavam muito a gente, diziam que por eles serem crianças iriam ter problemas por ter um pai pastor, falavam de como eles iriam reagir na adolescência, mas graças a Deus não tive esse problema com os meus filhos. Eu lembro de uma vez, quando Renaly entrou na escola Adventista, ela queria porque queria conhecer o mundo lá fora, ir naquelas festinhas de aniversário dos amigos.
Ela insistiu e insistiu, então Ernesto disse: “Renaly, não é o seu mundo, esse povo não fala a sua língua”, e ela insistiu e ele deixou. Nós fomos levar ela, mas não deu meia hora, ela ligou dizendo que queria ir embora. Quando chegou em casa disse que realmente não era o mundo dela. Talvez, outro pai que fosse pastor não permitiria. Mas, a gente pensou se ela quer experimentar, nós deixamos, e pronto, nunca mais.
Ah Ernesto! Eu não poderia ter arrumado um marido melhor para mim, ele é um excelente marido, sempre foi. Nós ficamos cinco anos dentro de casa, só eu e ele e, ele sempre foi muito cuidadoso. Ele é um pai fora de série! Hoje, que voltamos a viver sozinhos em casa, ele continua sendo aquele mesmo marido que eu casei a 35 anos atrás. Ele cuida de mim do mesmo jeito, se eu desejar alguma coisa ele se empenha em fazer por mim. Ele é um marido excelente. Ele é o amor da minha vida e vai ser sempre. Eu sempre digo que só casaria outra vez se fosse com ele, porque outra pessoa não o substituiria.
Um dos conselhos que eu daria para as novas mães é que você nunca interfira ou queira manipular o seu filho, para que ele seja do seu jeito, conforme você acha que tem que ser, não, você deve deixar que ele conheça a vida. Você deve deixar seus filhos terem as experiências deles. Muitas vezes, acabamos cuidando demais e quando precisa soltar, porque uma hora você precisa soltar, eles vão enfrentar escola, faculdade, e tudo isso sozinhos, eles não estão preparados ou têm muita dificuldade.
Precisamos deixar eles desenvolverem a sua própria personalidade. Lógico que ensinando, mas não impondo aquilo que você quer e o que você acha. A melhor coisa é ser exemplo para eles, eu vi isso dentro de casa. Porque uma coisa é o filho ver você de um jeito em casa e na igreja de outro. Quando eles vêem que você é a mesma pessoa tanto em casa como fora, você será exemplo para eles e não terá dificuldade nenhuma na formação do caráter.
Meu conselho para os filhos é que nunca esqueçam dos pais. Uma coisa que eu fico chateada de ver é quando os filhos esquecem os seus pais. Saem de casa, esquecem e depois não dão mais atenção, não cuidam. Chega uma hora que vira tudo, troca tudo e são os filhos que devem cuidar dos pais, você cuidou deles e eles am a cuidar de você. Tem gente que não aceita de jeito nenhum, mas isso é normal. Quando minha mãe começou a ficar mais velhinha, a gente que cuidava dela e eu acho que filho tem que ter isso sempre em mente.