Magliana Rodrigues (Campina Grande-PB)

Sou de Campina Grande, nasci e fui criada aqui! Gosto muito da minha cidade e, quando adolescente, nunca me vi em outro lugar (risos). Duas coisas me vêm à mente quando me perguntam sobre minha cidade: o Ministério Verbo da Vida, juntamente com a Igreja Sede, e as grandes universidades que temos aqui. Acredito que posso contar vantagens dessas coisas (risos). Afinal, elas fazem parte efetivamente da minha vida.

Quando recebo visitas de pessoas de outras cidades, normalmente elas querem conhecer os lugares de maior destaque, e que são tão comuns para nós que moramos aqui. Mas prefiro mesmo levá-las para comer (risos).  Acho a minha cidade linda… única! Ela tem algumas características de cidade grande com todo conforto e charme de uma cidade pequena e interiorana.

Eu amo a minha família. Ela é bem numerosa. Somos sete filhos, e eu sou a sexta. Minha família é um lugar seguro, para onde sempre voltamos. Normalmente, nos finais de semana, nos reunimos, e é sempre um momento de muitas conversas, risadas, histórias, barulho e tudo que diz respeito a uma família grande, muitos irão me entender (risos). É um encontro de irmãos, cunhados, cunhadas, sobrinhos, agregados, cachorros, gatos, arinhos, porque todos se encaixam perfeitamente nela. A minha família ocupa um lugar essencial na minha vida, em minha formação cristã e acadêmica.

O meu pai se chama Otoniel. É um homem muito trabalhador e íntegro, hoje aposentado. Não convivi muito com ele, pois era agente de saúde, funcionário federal, e viajava por semanas e até por meses. Quando os meus pais se separaram, eu era ainda pequena, mas a verdade é que não percebi essa separação, porque ele sempre esteve distante e continuava vindo em casa, da mesma forma, poucas vezes e por pouco tempo. A minha mãe teve muita sabedoria para não criar em nossa casa aquela atmosfera de separação, de briga. Ela nunca falou mal dele e nunca nos jogou contra ele. Isso é fruto da mulher que ela é em Deus. Ela lidou com isso muito bem e protegeu muito a nós, os seus filhos. Quando comecei a entender a separação dos meus pais, eu já era adolescente, e aquilo já fazia parte do ado. Então, não foi algo que me machucou.

Sinto a falta de ter tido um pai mais presente, mas o diabo nunca pôde me machucar nessa área, porque sempre tive Deus como um referencial maior de Pai, e Pai bem presente. Tenho poucas lembranças do meu pai quando criança. Lembro-me dele querendo dançar com a gente no meio da casa; também de eu mesma ter me machucado uma vez brincando de corda com ele; de sempre trazer compras de supermercado para casa; e deixando dinheiro com a minha mãe. Ele na medida do possível sempre nos supriu. Hoje, eu tenho uma convivência melhor com meu pai do que já tive antes, ele mora mais próximo da família e isso facilita vê-lo pelo menos uma vez na semana.

A minha mãe se chama Dina. Ela deu conta de toda a família no cuidado, na educação e nos conduzindo nos caminhos do Senhor. Educou sete filhos na igreja, e depois assumiu a primeira neta também como filha. Então, somos oito filhos (risos). A minha mãe é uma mulher cheia da Palavra e também uma mulher de oração. Ainda pequena, lembro-me de escutá-la falando no quarto, à noite, enquanto todos dormiam. Eu pensava às vezes que ela estava falando sozinha, mas ela estava orando. Cresci vendo isso. Meu pai a reconhece como uma mulher paciente, batalhadora e vencedora (só os de casa vão entender… risos). Ela exerceu autoridade como nunca vi em outra pessoa, não havia muito espaço para discutir, e, se forçássemos a “barra”, a conversa era com o chinelo (risos).

Todos os domingos, ela arrumava os sete filhos e saíamos enfileirados para a igreja. Morávamos no Santo Antônio, antigo bairro daqui, e, pela manhã, íamos a pé para Primeira Igreja Batista, no centro da cidade. No retorno, por causa do sol muito quente, voltávamos de ônibus. Essa era uma forma de economizarmos com as agens. Não tínhamos a menor possibilidade de ficarmos em casa, sem ir à igreja, no domingo. Houve a fase de gostar de ir e de não querer ir. Tínhamos até o direito de não querer ir, mas, nesse caso, o nosso querer nunca prevalecia (risos). Na verdade, hoje, somos todos gratos por isso. Ela é uma mulher muito forte, tem 77 anos, cheia de vida e força. Serve a Deus fielmente de forma bem efetiva na igreja local, e hoje está na faculdade, realizando um sonho antigo. Ele é aluna de um curso direcionado a pessoas da terceira idade. Ela se sobressai aos demais colegas de sala e sempre conta orgulhosa da sua boa participação nas aulas e do bom testemunho que dá. Sua formatura será agora no final do ano, terá seu diploma antes dos netos que já estão na faculdade, e sempre brinca com isso (risos)!

Tenho três irmãos e três irmãs. ada a fase da imaturidade, hoje nos damos muito bem (risos). Todos nós temos os nossos conflitos, mas todos bem istrados. Ajudamos, socorremos e apoiamos uns aos outros.  O problema de um é o problema do outro, todos se envolvem em prol de resolver a situação e isso é segurança para nós. Essa unidade que existe parece inacreditável dentro de um contexto de separação, mas acredito que essa união ganhou força por causa da Palavra de Deus em nossa casa. Hoje, Adriano, meu irmão mais novo, é responsável por manter funcionando quinzenalmente o Culto da Família, então oramos uns pelos outros e meditamos na Palavra. É maravilhoso!

Os nomes dos meus irmãos são bem comuns, Otoniel Jr, Wellington e Adriano. Mas alguma coisa aconteceu com as mulheres (risos). Pela ordem, primeiro nasceu Maglônia, depois Maglênia, depois Magleide e depois eu, Magliana. Essa invenção foi do meu pai. Minha mãe assegura não ter participação nisso (risos). A nossa pergunta é: por que os nomes dos meninos não seguiram essa mesma linha? (risos). O meu nome em particular é italiano. Esse ano, quando fui para Roma, pude ver placas enormes com o meu nome. O “gli” na Itália tem som de “lhi”, informação que tive ainda no tempo de faculdade pelo meu professor de literatura. Estando na Itália, eu só constatei. Os amigos me chamam de muitas maneiras, Magli e Miga. Gosto de todos.

Sou professora universitária, formada em letras e tenho mestrado na mesma área. Quando pensei em fazer faculdade, eu não sabia ainda o que eu queria fazer profissionalmente. É uma decisão importante que vai definir a sua vida em muitos aspectos. Na verdade, eu tinha o sonho de criança de cursar veterinária, mas, como esse curso não era oferecido não minha cidade e como também eu era muito nova, não tive o apoio da minha mãe para morar e estudar em outra cidade. E isso, claro, resultou na escolha de outro curso. Recebi alguns conselhos, e meu irmão mais velho, Wellington, já estava cursando letras. Acredito que isso me influenciou de alguma forma.  Mas o que foi determinante mesmo nessa escolha foi a ajuda de um amigo.

Eu não sabia ainda que curso fazer e também não tinha o dinheiro da inscrição, porque o dinheiro que tinha disponível só dava para fazer um vestibular, e eu já estava inscrita em um dos vestibulares da cidade. Então, um dia, esse amigo sentou comigo, avaliou alguns cursos, área de trabalho, e outras coisas mais que não lembro. Depois, comprou o manual do vestibular de outra instituição e, no último dia de inscrição, me levou até essa universidade, enfrentou a fila quilométrica que sempre existe quando se deixa para última hora, enquanto eu preenchia a minha ficha. E foi ele também quem pagou pela minha inscrição. Depois? Ele me deu aulas e revisou alguns conteúdos comigo. Foi assim que pude concorrer a uma vaga no curso de Licenciatura Plena em Letras, na UFPB.

Isso determinou o meu futuro profissional e a minha atuação acadêmica hoje. Nunca tive a oportunidade de agradecê-lo apropriadamente. Lembro-me de ter feito isso naquele momento, mas fiz sem saber de fato pelo que estava agradecendo. Mas tenho meu coração grato e carrego essa gratidão comigo. Vejo Deus nisso tudo! Só Deus para cuidar e me conduzir dessa forma. Quando eu não tinha um norte, Ele veio e meu deu esse norte. Ele faz isso usando pessoas, e creio plenamente que esse amigo estava tão somente se deixando usar para que Deus me conduzisse nisso. 

ei no vestibular e comecei a cursar Letras. No segundo semestre, ganhei bolsa da CAPES, através do PET-LETRAS (Programa Especial de Treinamento) e permaneci nesse programa até a conclusão do curso, sob a tutoria do Prof. Dr. Luiz Dias, que foi também essencial na minha formação. A bolsa financeiramente me ajudou bastante. Eu e os meus irmãos sempre recebemos ajuda financeira do meu pai, mas não era suficiente para nos manter e nos prover de tudo. Então, essa bolsa arcou com as despesas que tinha na universidade. Por outro lado, fui esticada e forçada a romper meus limites e vencer os obstáculos comuns a todos aqueles que vem da escola pública. Estudei muito, me esforcei muito, e tive muitas portas abertas. Fui a eventos acadêmicos, congressos estaduais e nacionais, publiquei trabalhos, fiz um currículo razoável, e amigos também, hoje distantes.

Fui me encontrando e me identificando com o curso aos poucos. No meu último ano de faculdade, desejei ter as minhas primeiras experiências em sala de aula, e comecei a ensinar em uma escola particular muito conhecida na cidade. Disso, resultaram seis anos intensos ensinando nas principais escolas da cidade, além de cursinhos preparatórios para vestibular e concursos públicos. Concluí a minha graduação e, logo em seguida, três meses depois, ei na seleção do mestrado e comecei a minha pós-graduação, também em Letras. Fiz o mestrado num ritmo muito intenso, sendo aluna e professora ao mesmo tempo. Dava aula em sete escolas particulares, e uma delas em outra cidade. Concluí o mestrado e, no final do mesmo ano, submeti-me ao Concurso Público da UEPB, sendo convocada no início de 2004. Ainda conciliei a universidade com as escolas por dois anos, mas depois essa situação ficou insustentável (risos). Estou na UEPB desde então.

São muitos anos ensinando! Posso dizer que já tenho alguma experiência (risos). Na UEPB, além do Curso de Letras, claro, já tive a oportunidade de ensinar nos cursos de Pedagogia e Comunicação Social. Foram boas experiências. Não são cursos que fazem parte da minha área de atuação, e por isso foi bem desafiador. Mergulhei no universo desses cursos, estudei mais, comprei livros e reorganizei os componentes de Língua Portuguesa para que as aulas de fato atendessem a realidade de cada curso. É sempre uma grande alegria ver ex-alunos seguindo acadêmica e profissionalmente a vida deles. Existe uma pequena contribuição de cada professor nessa jornada, e vê-los avançando é realmente uma recompensa.

A universidade é um lugar muito hostil, principalmente quando você confronta esse “lugar” com a Palavra de Deus. Eu nasci em uma família cristã, meus avós já eram nascidos de novo. Cresci na igreja, aprendi a falar e a correr nos corredores da minha igreja. Toda a minha adolescência foi dentro do contexto da igreja, e sair dela e ir para a universidade foi bem assustador. O conselho que eu dou hoje para os jovens que desejam entrar na universidade é que eles devem firmar bem os seus pés na Palavra de Deus. Lembro quando eu entrei na faculdade, fui confrontada muitas vezes e de muitas formas. O universo acadêmico por si só já é muito atrativo para quem almeja seguir uma carreira. Muitas coisas me influenciaram para eu ir largando aos poucos o meu serviço ao Senhor, na igreja local, para abraçar as oportunidades que foram surgindo para mim dentro da universidade. Falo aqui de coisas lícitas, mas não me refiro a elas especificamente quando falo de você ter os seus pés firmados no Evangelho, mas às inversões de valores. Acredito que você precisa saber o porquê de estar lá e ter seus olhos fixos nesse propósito. Entrar e defender a sua Fé. Abraçar os seus valores, influenciando outros, e não sendo você influenciado. Eu acredito mesmo que os jovens cristãos devam invadir as universidades, jogando nelas, através das suas vidas e procedimentos, a Luz do Evangelho.

Vejo muitos adolescentes e jovens na igreja vislumbrando e sonhando com o púlpito da igreja e em ser professor do Rhema. Esses são os sonhos de muitos deles, mas são os de Deus? Alguns são chamados para abençoar o Corpo de Cristo e outros, para alcançar pessoas fora do contexto da igreja. E a universidade nos credencia a chegar aos vários setores da sociedade, inclusive a outras nações. O chamado maior é o de “ir”, mas vejo quase todos querendo fincar os seus pés no contexto da igreja. Precisamos entrar nas universidades, nas escolas, nos consultórios médicos, nos fóruns, nas repartições públicas, nas Câmeras dos Deputados, no Senado, ou seja, precisamos ser luz em meio às trevas. Mas para termos uma voz nesses lugares é preciso formação. Até que Deus diga “Não” para alguém sobre uma universidade, eu acredito que todo jovem deva ser preparado pela família e pela igreja para seguir com seus estudos até alcançar uma formação acadêmica. Existem habilidades que só Deus pode colocar em nós, mas existem outras que só serão desenvolvidas através do estudo e de uma formação superior.

Às vezes, eu fico muito “compadecida” quando vejo jovens chegando à universidade, eles são tão novos, alguns parecem crianças. A imaturidade e o despreparo da maioria deles são gritantes. Do outro lado, alunos e professores adultos, maduros e influenciadores. Esses extremos convivem por, no mínimo, quatro anos, e a possibilidade desses jovens serem influenciados nesse contexto é muito grande. Eles são confrontados em sala de aula diariamente pelos colegas, por funcionários, pelos professores, pelos livros, pelos ambientes, por tudo. Então, a solução é privá-los disso? De forma alguma! Não podemos tirá-los do mundo, mas, como família e igreja, podemos prepará-los. Em algumas igrejas, falar em universidade é quase “tabu”. Lembro-me de uma época em que, algumas vezes, eu não gostava de falar da minha atuação profissional, e de até ficar um pouco constrangida, por perceber a reprovação de alguns e o espanto, de outros (risos)! De fato, hoje, eu não sinto mais esse constrangimento, embora continue sem falar muito sobre minha atuação acadêmica, mas acredito que esse assunto deva ser mais bem explorado e abordado dentro das igrejas, e nossos jovens incentivados e preparados para essa etapa importante da vida.

 

Diversão? Gosto de viajar sempre que é possível. Estou descobrindo pouco a pouco que não há distância que não possa ser percorrida! Quando lembro dos lugares, países e cidades, que encontraram um lugar em meu coração, penso: é logo ali! (risos). Viajar para mim é um momento de refrigério, mas também de conquistas, sobretudo porque, quando criança, nunca me imaginei sequer saindo de Campina Grande. Eu tinha uma vida tão privada que viajar era algo bem distante da minha realidade. Hoje, para mim, qualquer lugar, como disse, é “bem ali”. Mas também me divirto dentro de casa, dois extremos, eu sei (risos)! Quando estou muito cansada, trabalhando muito, gosto simplesmente de entrar em casa e pensar que poderia ficar dias aqui, sem sair e sem olhar o relógio. Em dias assim, sair me dá preguiça (risos). Gosto de filmes e seriados, mas que sejam leves. Trabalho com a mente. Eu leio, oriento e corrijo muitos trabalhos acadêmicos, desenvolvo projetos na universidade, escrevo e faço muitas outras coisas. Então, quando paro para assistir alguma coisa, quero descansar, até arrisco desenhos animados (risos)!

Quando criança, ganhei o meu primeiro livro de Wellington, meu irmão mais velho. Ele era também o meu professor da escola bíblica dominical. Lembro-me de ter tido êxito em alguma atividade da igreja e de ser premiada com o livro “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry.  Até então, eu só tinha o ao livro didático da escola, e ganhar um livro fez com que, de alguma forma, eu me sentisse “crescida”. Pensava que livros eram coisas de adultos (risos)! Apreciei muito a leitura dele, embora não tivesse entendido tudo. Eu era apenas uma criança lendo o seu primeiro livro, buscando entender a relação entre as letras e as imagens.  Tenho esse livro até hoje! Depois, lembro-me de ter dado um exemplar dele para Stéfane, minha sobrinha. Ela era só uma menina, como eu à época. Então eu mesma li o livro para ela, e foi quando o li pela segunda vez. Parecia que eu estava lendo outro livro, diferente daquele que li quando criança. A experiência foi maravilhosa! 

Um livro que marcou a minha vida cristã foi “Você é o melhor de Deus”, de T.L. Osborn. Esse livro eu ganhei de Luana Mayara, de presente de aniversário, ainda quando dava aula no Ensino Médio. Ela, Manuela Marques, Tayara Teles e Pablo Teles foram meus alunos no Colégio Regina Coeli, e estudavam todos numa mesma sala. A outra coisa comum entre eles é que eram evangélicos e da mesma igreja, Verbo da Vida – Sede. Acredito que desse encontro, Deus já estava construindo para mim uma porta.  

 

Lembro-me de um dia estar dando aula em uma turma de cursinho, numa época em que eu decidia sobre a minha própria vida, como se ela fosse minha (risos). Eu estava ensinando um pouco para os meus alunos sobre a história da arte e da literatura, e como elas dialogam com o seu contexto histórico, social e cultural. E, como dizemos entre nós, comecei a “fluir” debaixo de uma “grande inspiração”, confrontando a Idade das trevas com o Iluminismo. E, dentre tantas outras coisas que poderiam ser faladas desses períodos, eu chamava atenção para o fato das trevas estarem associadas à falta do conhecimento e do Iluminismo (luz), ao conhecimento. Havia uma espécie de “encantamento” naquele momento, um silêncio absurdo e sequer podia-se observar um piscar de olhos. Hoje eu sei, era espiritual. E foi nesse exato momento em que uma forte impressão veio ao meu espírito: Foi para isso que a chamei. Hoje, entendo que a Palavra de Deus traz Luz e dissipa toda treva, e eu percebo que era exatamente isso que estava fluindo de mim para aqueles alunos. Não se tratava de um conteúdo, mas de uma revelação que tinha vários desdobramentos. Eu ei a ter uma convicção em meu coração: você foi chamada para ensinar algo maior. Mas eu não entendia aquilo. Experiências, como essa, aconteceram outras vezes. Alguns alunos se aproximavam de mim e diziam: “professora, é tão interessante te ver dando aula, porque às vezes parece que você está pregando pra gente” (risos). Eu não sabia nada sobre os cinco dons ministeriais, sobre chamado, eu era totalmente leiga. Então, obviamente, não entendia direito essas experiências que tinha em sala de aula. Mas, hoje eu sei: era o chamado me chamando!

O ano de 2005 seria, para mim, o ano de me aventurar em um doutorado. Tinha todas as condições para isso, mas fui parar no Rhema (risos)! Joedson, meu primo e também cunhado, estava fazendo o primeiro ano do Rhema e, todos os dias do ano de 2004, ele me dizia: você precisa fazer essa escola. Tudo era desfavorável, mas sabe o que aconteceu? Comecei a fazer o primeiro ano do Rhema em 2005. E vendo todos aqueles professores ensinando a Palavra, algo começou a fazer sentido dentro de mim. Meus olhos começaram a ser descortinados e, aos poucos, eu pude ver e entender o chamado e o propósito de Deus para minha vida. A Palavra de Deus me confrontava todos os dias, em todos os aspectos e de todas as formas. Não foi nada fácil ser confrontada, mas foi algo determinante em minha vida. Não foi uma mudança rápida, da noite para o dia, foi lenta, vagarosa, mas com peso de eternidade. Eu comecei a ter uma nova impressão, mesmo em meio a tantos conflitos: tudo vai mudar, e para sempre! Eu não fazia ideia de como seria isso!

Fiz a Escola de Ministros em 2008 e, no ano seguinte, fui convidada por Canrobert e por Guto Emery para ensinar no Rhema, e é o que tenho feito desde então. O doutorado? Perdeu naquele momento sua importância. Talvez essa caminhada, em tempo oportuno, seja retomada; e se não for, não terei nenhum problema em lidar com isso (risos). Terei sempre planos maiores, que são os de Deus!

Um sonho? Tenho muitos! Nas minhas poucas e muitas viagens (risos), eu comecei a nutrir o desejo de um dia, e por algum tempo, morar fora do país. É uma semente que brotou em meu coração e, toda vez que eu viajo para o exterior, esse desejo ganha força. Não sei se é algo que vai acontecer, não sei se é algo que Deus está trabalhando em mim. Antes, eu tinha apenas um lugar em meu coração, mas agora eu tenho dois (risos). Tenho ido aos Estados Unidos já alguns anos, desde 2011. E, no início desse ano, viajei pela Europa, e conheci alguns países, Inglaterra, Itália e Alemanha. Amei a Inglaterra. Estados Unidos e Inglaterra são dois extremos que encontraram, contraditoriamente, um lugar em mim! Eu moraria em um desses países, e até nos dois (risos).

Aprendi muito cedo que qualquer coisa que quisesse ter precisaria conquistar pelos meus próprios meios e esforços. Então, aprendi a lutar pelas coisas que eu desejava. E isso forjou parte do meu caráter e de quem eu sou hoje. Foi algo bom e positivo para mim.  Lembro-me de uma fase, quando criança, em que eu declaradamente não gostava de estudar. Um dia, eu estava andando de ônibus, com a cabeça para fora da janela, e minha mãe me apontou alguém varrendo a rua e disse: é tudo que você fará se não estudar! Ela não carrega nenhum preconceito, mas, naquele momento, foi a única forma que ela encontrou para me dizer que, se eu quisesse ter uma vida melhor, eu precisava fazer o meu próprio caminho. E foi o que fiz, estudei, e estudei muito! Mas, nessa caminhada, eu também conheci outra Verdade: que os meios de Deus tornam tudo mais fácil. Eu nunca me esquivo de fazer o que cabe a mim, mas sempre tenho expectativa no agir e na intervenção de Deus.

Vejo-me sempre vencendo etapas. Consigo aprender com os meus erros, tenho um coração ensinável e não me importo de fazer de novo quantas vezes forem necessárias. Tenho guardado comigo muitos ensinamentos da minha mãe, que, com seu exemplo e vida, tantas vezes apontou a direção. Nem sempre tive maturidade para entendê-los e segui-los, e é aí que pegamos os atalhos da vida, mas a Palavra implantada em nós é poderosa para nos trazer de volta. Hoje, tenho o meu coração voltado para o Senhor, e para servi-Lo.

 

Deixar a vida acadêmica e profissional não está em meus planos hoje, a não ser que Deus fale! Essa porta foi aberta sobrenaturalmente. Quando o edital tornou público o concurso para professor efetivo da UEPB, o processo seletivo seria no final do ano, e apenas uma vaga foi oferecida dentro da minha área de atuação profissional, podendo concorrer a ela mestres e doutores. Eu sou tinha o mestrado. Escrevi-me, mas porque ensinava em muitas escolas simultaneamente e estava envolvida com os vestibulares de várias universidades, não tinha tempo para estudar. Então, tão logo me escrevi, desisti! Faltando apenas uma semana para o processo seletivo se iniciar, veio ao meu coração uma nota: por que você não vai fazer? A resposta era tão óbvia para mim: só tem uma vaga, vou concorrer com doutores e não estudei. Veio, então, a segunda nota: estudar é só o que tem feito nesses últimos anos. Quando essa luz se acendeu, eu desconsiderei toda bibliografia indicada para o concurso e abracei todos os anos de graduação, mestrado e ensino. Sabe o que aconteceu? Conquistei aquela única vaga e a convocação para assumir o cargo veio dois meses depois! Deus tem me conduzido aos lugares aonde Ele quer que eu esteja. Se Ele me conduziu na entrada, só Ele pode me conduzir na saída.

A oração é algo que Deus começou a trabalhar em mim mais fortemente desde que eu voltei para o Senhor. Hoje, percebo que se Deus não tivesse me colocado dentro desse contexto de oração, eu não teria conseguido me manter em meus posicionamentos, diante de tantas decisões a serem tomadas. Eu já tinha essa referência em casa. Como falei, minha mãe é uma mulher de oração. Em dias difíceis, sempre ouvia a sua voz nas madrugadas. Mas, assim que eu terminei o Rhema, Ele me conectou a mais pessoas de oração. Elia Nicholas e Shirla Lacerda se levantaram como duas grandes torres de vigia em minha vida. É uma conexão divina e para um propósito. Mag, minha irmã, também é uma mulher de oração, sensível no espírito, e é alguém que sempre orou para que tudo se ajustasse na minha vida. Em várias situações, Deus levantou todas elas em minha defesa, trazendo livramento. Então, é possível imaginar a minha alegria em dirigir, ano ado, o Curso de Oração aqui na igreja sede, e desde então poder auxiliar outros pastores e suas esposas a estabelecerem o curso em suas igrejas. Uma vida de oração te deixa conectado constantemente com os céus, com aquilo que está no coração de Deus e com aquilo que você carrega dentro de você.

Tenho muitas outras pessoas como referência. Acredito que pessoas são como placas que Deus vai levantando para nos apontar o caminho. Pr. Bud e Jan apontam o caminho da fidelidade. A vida do apóstolo Guto e Suellen ensina muito sobre simplicidade e humildade. Canrobert ensina muito sobre a importância de você se deixar guiar pelo Espírito Santo e, no Rhema, ele foi decisivo em minhas descobertas. Pr. João Roberto é um homem de muita integridade com tudo que diz respeito a Deus e a Sua Palavra. Ele libera palavras tão simples e tão profundas, que, todas ás vezes que paramos para ouvi-lo, dá vontade de se arrepender e se converter de novo (risos).

Paulo diz que devemos conhecer uns aos outros pelo espirito, acho que é isso. Eu conheço a minha liderança sobretudo pelo espírito. Então, é fácil honrá-los e se submeter a cada nova direção que eles têm. Poderia falar muito mais de cada um deles e citar muitas outras pessoas, mas não haveria espaço suficiente! Tudo que eu sei é que sou grata a Deus pelas conexões divinas e pelas pessoas que foram levantadas na minha vida como referenciais!

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