Diário de Bordo: Atenas foi a última parada da caravana

Um renomado historiador certa vez afirmou que, em Atenas, havia mais deuses do que pessoas transitando por suas ruas de mármore. Hoje, embora o cenário tenha mudado, a influência desses “deuses” ainda pode ser percebida em toda a cidade. A cultura grega se espalhou pelo mundo — presente na língua, nos costumes e até na fé.

Em nossa última parada, descobrimos curiosidades marcantes e saímos ainda mais convictos do poder do Deus que o Apóstolo Paulo apresentou aos atenienses.

CAPITAL GREGA INFLUENCIOU O MUNDO ANTIGO

Atenas é uma cidade greco-romana que conserva traços marcantes da época da igreja primitiva. Com tudo o que caracterizava uma verdadeira acrópole — uma cidade edificada em um lugar elevado —, ela abrigava templos, tribunais, centros comerciais, residências dos mais afortunados e, claro, uma Ágora. Essa praça central era o coração da vida pública, servindo como espaço de debates políticos e filosóficos. Foi ali que ideias de grandes pensadores como Sócrates, Aristóteles e Platão ganharam forma e influenciaram gerações ao redor do mundo.

O DEUS DESCONHECIDO

Além de profundamente filosóficos, os atenienses eram também politeístas. Estima-se que mais de 30 mil estátuas públicas de divindades estavam espalhadas por Atenas. Conforme relatos antigos, quando uma grande praga assolou a sociedade, um filósofo aconselhou que se oferecesse um sacrifício de ovelhas, em um espaço neutro, a um deus desconhecido. Após o ritual, a peste cessou. Esse episódio foi justamente o ponto de conexão que o Apóstolo Paulo usou para anunciar o verdadeiro Deus aos atenienses, conforme registrado em Atos 17.

No Areópago — um lugar elevado, onde se reuniam os pensadores —, Paulo pregou com ousadia. Sua mensagem impactou alguns, que decidiram segui-lo e se tornaram discípulos. Ao observarmos hoje as ruínas e esculturas daquele local, percebemos como as grandes colunas sustentavam altares para divindades humanas. Em contraste, foi a Palavra de Deus que sustentou e continua sustentando a igreja em toda a Grécia — e no mundo — ao longo dos séculos.

Para finalizar o circuito, navegamos pelo mar Mediterrâneo e visitamos algumas ilhas. É impressionante pensar que, por essas mesmas rotas, Paulo enfrentou ameaças, tentativas de morte, perseguições e privações severas. No entanto, também conquistou fiéis companheiros ministeriais, que o ajudaram a cumprir sua carreira.

Durante os 15 dias de viagem, refletimos sobre os desafios de seguir por esse caminho sem as facilidades atuais — sem avião, carro ou ônibus — apenas a pé, a cavalo ou em embarcações com estrutura mínima.

Em terras repletas de oliveiras — de onde se extrai o azeite hoje amplamente exportado —, os vencedores das antigas Olimpíadas recebiam coroas feitas de ramos de oliveira. Mas Paulo, movido por um encontro genuíno com Jesus, não buscava uma coroa corruptível. Como ele mesmo escreveu aos coríntios, sua recompensa era eterna.

E assim, o Evangelho alcançou não apenas a Ásia Menor, naquela época, mas também o mundo gentio — inclusive nós, que hoje somos fruto dessa Palavra que continua transformando vidas.