Chegou o momento de nos despedirmos da Turquia. O país que foi palco do início e do fim da Idade Média também foi escolhido por Paulo para escrever quase metade do Novo Testamento. Enquanto, Jesus inspirou o Apóstolo João a escrever às sete igrejas desta região. Havíamos visitado os sítios arqueológicos de cinco dessas, faltavam apenas outras duas para completar a jornada: Esmirna e Laodiceia.
IGREJA IRREPREENSÍVEL
Juntamente com Filadélfia, Esmirna foi uma das únicas igrejas que Jesus não repreendeu. Pelo contrário, Ele elogiou sua fidelidade, diante de perseguição religiosa e da pobreza material do povo. Apesar de terem permanecido irrepreensíveis, do templo daquela igreja sobraram poucas ruínas.
Esse cenário contrasta com a atual cidade de Esmirna — a terceira maior da Turquia —, conhecida por sua vida noturna agitada e praias turísticas. Nas proximidades, está localizado o complexo arqueológico e cultural de Pamukkale, um dos cartões-postais do país, também visitado pela caravana.
Ao permanecermos na mesma região mencionada na Bíblia, chegamos a Laodiceia — uma das visitas mais surpreendentes da jornada até então. O impacto se deve à preservação notável de diversas peças, com monumentos quase intactos e um expressivo número de prédios encontrados no sítio arqueológico.
Laodiceia foi um influente centro comercial e cultural da Ásia Menor, conhecida por sua riqueza e sofisticação. Nesse contexto, a última das sete cartas do livro de Apocalipse trouxe uma forte repreensão à igreja local, advertindo sobre sua condição espiritual marcada pela complacência e autossuficiência.
POLO TECNOLÓGICO
Ao ear pelas ruínas de Laodiceia, não é difícil perceber o quanto aquela civilização era organizada e avançada para a época. A cidade foi uma das primeiras da Antiguidade a contar com água canalizada em toda a sua extensão. Na verdade, possuía um sistema de aquecimento subterrâneo que permitia resfriar ou aquecer as casas conforme a estação do ano. Laodiceia também abrigava um dos primeiros centros conhecidos de estudo e preparação oftalmológica.
Diante desses dois aspectos, Jesus traçou paralelos ao exortar a igreja local, usando elementos do cotidiano para ilustrar realidades espirituais. Ele os repreende por serem espiritualmente “mornos” — nem frios (sem fé), nem quentes (fervorosos) — e afirma que essa condição o enoja. Na mesma carta, Jesus também alerta os irmãos sobre a “visão espiritual”, uma referência direta aos cuidados médicos tão valorizados por eles.
O ponto alto deste último momento de visitação ocorreu quando encontramos as ruínas de uma casa que serviu como ponto de reunião dos primeiros cristãos da região.
“A visita ao sítio arqueológico de Laodiceia, com certeza, foi um dos pontos mais altos e impressionantes da viagem para conhecer as sete igrejas da Ásia Menor, na Turquia, junto com Éfeso. Provavelmente, essas são as duas experiências mais marcantes de toda essa viagem, por causa da conservação de toda a estrutura que vimos. Quando chegamos ao sítio em Laodiceia, há aquela avenida principal, e é muito interessante poder ver o local onde a igreja se reunia, logo após a entrada da rua principal. Estar naquele local, reconstruído pela arqueologia, foi muito especial. Os estudos e os achados ali são fascinantes.
Estávamos onde a igreja se reunia, e todas as estruturas estão lá: a árvore principal do templo, o batistério… foi muito emocionante participar daquilo. Outro ponto alto é que, a poucos metros da igreja, temos a estrutura da casa onde começou a igreja. Era uma casa muito grande, muito rica, de dois andares. O que vimos foi o primeiro andar, com uma sala ampla, próxima à igreja. Me identifiquei muito com isso, porque, no início das nossas igrejas no Brasil, também começamos em casas. Depois, fomos para um local alugado, e a igreja cresceu. O restante do sítio arqueológico também impressiona muito. Há dois teatros — um com uma vista belíssima, e o outro com estrutura mais impressionante. Então, a visita a Laodiceia foi extremamente marcante e emocionante, porque há uma identificação ali”, testemunhou Hermínio Resende.
1 Comentário
Que diario a Bordo,meu Deus nossos irmaos sendo impactados onde tudo começou. Cremos que como igreja como corpo de Cristo, os irmãos sairam de uma forma sobrenatural.